segunda-feira, 25 de abril de 2011

Documentos de Identidade

Uma introdução às teorias do currículo


As teorias do currículo propõe maneiras de como devemos nos guiar para transmitir determinados conhecimentos adiante. As teorias são divididas em alguns grupos, em detrimento do período histórico em que se situaram:

Teorias Tradicionais:
ensino
aprendizagem
avaliação
metodologia
didática
organização
planejamento
eficiência
objetivos

Teorias Críticas
ideologia
reprodução cultural e social
poder
classe social
capitalismo
relações sociais de produção
conscientização
emancipação e libertação
currículo oculto
resistência

Teorias Pós-Críticas
identidade, alteridade, diferença
subjetividade
significação e discurso
saber-poder
representação
cultura
gênero, raça, etnia, sexualidade
multiculturalismo


As teorias Pós-críticas destacam a diversidade das formas culturais do mundo contemporâneo. Sabemos, no entanto, que essas diversidades são embasadas em relações de poder. Neste contexto, temos a teoria queer,   que surge nos Estados Unidos e na Inglaterra, como uma espécie de unificação dos estudos gays e lésbicos. O significado da palavra queer que quer dizer "estranho", "esquisito", "incomum" ou "excêntrico" é recuperado pelo movimento homossexual como uma forma positiva de auto-identificação. Através da "estranheza" busca-se perturbar a tranquilidade da "normalidade".

A teoria queer argumenta que a identidade é sempre uma relação: o que nós usamos para nos definir só se define por aquilo que não somos, sendo a minha identidade sempre dependente da identidade do Outro.
É importante saber que a identidade não é um produto da natureza, ela é um produto social, definida por um processo de significação, e neste sentido, não existe significação sem poder.

A heteronormatividade acaba por excluir a homossexualidade, vista como um desvio. A teoria queer quer ir além dessa hipótese de construção social da identidade, cruzando as fronteiras, 'des-fixando' o lugar da identidade, tornando-a móvel.

A pedagogia queer não busca incluir no currículo informações corretas sobre a questão da sexualidade, mas, questionar os processos institucionais em que esses discursos ocorrem e se proliferam. O currículo, tido tradicionalmente um espaço onde se ensina a pensar, através da pedagogia queer dará ênfase na pergunta: "o que torna algo pensável?", e neste sentido, impensável também. Um currículo baseado nos ideais da teoria queer será um local onde o interesse está além de questionar o conhecimento como socialmente embutido no nosso dia-a-dia, mas explorar o que não foi construído por ficar às margens.






segunda-feira, 11 de abril de 2011

O papel do professor na Sociedade Digital.

O papel do professor nos dias de hoje é uma tarefa árdua. Ele tem, além de conquistar seus alunos e incentivá-los a aprender, ser um agente transformador na sociedade em que vivemos. Para o professor de português, por exemplo, pode se tornar um desafio ensinar gramática para os adolescentes, uma vez que a internet, a televisão e a própria sociedade em que os jovens estão inseridos utilizam de outras maneiras de usar a linguagem: seja as falas com os amigos, as gírias, o “internetês”. Para convencer os alunos que as estruturas gramaticais, regências verbais e seus verbos transitivos e intransitivos tem de ser aprendidos, é necessário recorrer à exemplos cotidianos. 


O educador não pode ficar estagnado somente nos livros didáticos, principalmente porque pode se tornar desinteressante para os alunos ter de aprender que falamos de uma forma, mas temos de escrever de outra. Tais regras de escrita tendem a se tornar massante e sem sentido se não forem sugeridas como um modelo que temos de ter para padronizar os livros, revistas, redações para concursos, etc. É importante que os alunos saibam distinguir a diferença e o porquê da importância de se conhecer a linguagem coloquial e a linguagem formal. Dessa forma, quem sabe, o aprendizado da Língua Portuguesa se torne mais coerente para os jovens alunos.





O transmissor de conhecimento, tanto como agente da memória educativa quanto agente de memória na sociedade digital deve propor questionamentos e refletir sobre os assuntos utilizando diversos modos de ver. O professor então não será o detentor do conhecimento que passará adiante suas verdades e certezas, mas uma pessoa que pode proporcionar um espaço de trocas de novos aprendizados na esfera escolar. O professor, podendo ser também um agente inovador, deve se atualizar frente à sociedade digital: aprender a manusear os computadores e seus programas básicos, podendo assim ter melhor eficiência na hora de expor suas aulas para os alunos. Além de criar elos entre memórias de diversos tempos, o professor de português tem de tornar o ensino da gramática normativa bem como o da literatura algo prazeroso, instigando o conhecimento e o hábito da leitura como formas de descobrir o novo, “e no novo, a eterna busca do ser, melhor em todos os sentidos. (KENSKI, p.106)



É preciso que os alunos encontrem ancoragem do conhecimento que estão recebendo com suas realidades. Tratando-se de uma sala de aula diversa e múltipla, as diferenças serão muitas: sociais, econômicas, políticas, geográficas, religiosas. É necessário estar atento à essas diversidades. O professor precisa, antes de tudo, ser um agente de transformação.

Construir ecossistemas educativos

Reinventar a escola.
      

Para Candau, a educação tem sido vista cada vez mais como produto. Além disso, existe a desvalorização do profissional da educação, o que torna o ensino problemático em nossas escolas. Para a autora, é necessário construir ecossistemas educativos, ou seja, ampliar e reconhecer diferentes espaços de produção da informação e do conhecimento. Seria importante que as funções educativas ajudassem a formar pessoas capazes de serem sujeitos conscientes de suas opções e ações, e não meros reprodutores. Para isso, seria necessário promover a apropriação do conhecimento e pluralizar os saberes, infatizando a dinamicidade, flexibilidade e a diversificação de leituras de um mesmo fenômenos (mostrando diferentes pontos de vista), debates e construção de opiniões plurais.


Minha escolarização, embasada nos anos 90, tinha ainda essas formas de transmitir conhecimento sem que pudéssemos muitas vezes nos posicionar criticamente. O professor era o detentor do saber e muitas vezes não permitia que os alunos se opusessem. Por outro lado, haviam professores(as) que nos provocava a falar e a ter posicionamento sobre determinados assuntos. O que acontecia, porém, era muito visível: acostumados, os alunos, a serem ouvintes, quando é chegada a hora de se expressar acontece uma intimidação. Porém, acredito que promover a reconstrução de conhecimentos é extremamente importante. Visar, acima de tudo, os alunos como sujeitos subjetivos e autônomos, não como massas amorfas prontas para receber um manual de instalação – é a chave principal dessa empreitada educacional.





Pluralizar as ideias sempre, ainda que soe utópico acreditar.

As funções sociais da escola

Nas primeiras aulas tivemos contato com o texto de Goméz. Numa opinião pessoal, posso dizer que as ideias deste autor se encontram com as ideias de Bordieu sobre a reprodução da ideologia dominante dentro do ambiente escolar. A escola é comprometida em desenvolver o processo de socialização dos futuros cidadãos, mas se revela conservadora a partir do momento em que reproduz os mesmos valores vigentes presentes em nossa sociedade. Logicamente que a instituição escolar não é a única responsável por essa função reprodutora, sendo outras instituições sociais responsáveis por esse papel: ongs, igrejas, meios de comunicação de massa e família. Porém, é na escola que esses valores vão se instalando progressivamente, de modo sutil e complexo.


      No sentido da socialização, a escola acaba por consolidar ideologias cujos valores são   pautados no individualismo, a competitividadee a falta de solidariedade. A escola não se torna igual para todos, embora seja essa a frase mais usada e o que se espera dela. É imposta uma ideologia contraditória que abarca o ser humano individualista e conformado socialmente. Passa-se a aceitar as contradições sociais do mundo, fome, discriminação, preconceitos, como resultados naturalizados das diferenças individuais. Gomés no traz que a escola vêm por legitimar a ordem que já existe, convertendo-se em ‘válvura de escape’ dessas contradições e desajustes sociais. Com os mecanismos de socialização que a escola utiliza através do inculcamente e doutrinamento ideológico, as comunidades sociais recebem esses conhecimentos e os transmitem, muitas vezes sem questionar ou ter uma posição crítica sobre o que estão apreendendo. Desde a seleção e a organização dos currículos escolares, o modo e o sentido da organização das tarefas, ordenação de tempo, espaço, números de disciplinas, mecanismos de recompensas como provas, trabalhos, pontos extras em atividades; contribuirá para essa disseminação do status quo na cultura vigente.

Sabemos que nosso meio social está repleto de escolas, de alunos, de troca de ideias. Mas quantas delas pluralizam essa forma de saber? Temos como exemplo dessas contradições o filme “Entre os muros da escola”, que trata desses desajustes sociais promovidos pelas distintas nacionalidades dos alunos dentro do ambiente escolar. 


Sabemos que o espaço em que vivemos é tomado pelos meios de comunicação, pela transmissão de concepções ideológicas advindas da televisão, da internet, do rádio; e que os alunos recebem e assimilam isso também. A escola acaba por colaborar com essas transmissões de ideais propostos pela cultura dominante, sendo então, uma espécie de “perna” que sustenta as outras vigas concretizadas no terreno em que nos inserimos. Para Goméz, o princípio básico para haver alguma mudança seria “facilitar e estimular a participação ativa e crítica dos alunos e alunas”, fazendo da escola um “espaço democrático de aprendizagem.”