segunda-feira, 4 de julho de 2011

A escola que protege

Sabemos que a escola é um espaço onde se constrói a cidadania, onde valores e ensinamentos nos são transmitidos a fim de nos assegurar uma oportunidade de futuro, não só profissional, mas para a vida. O espaço escolar nos deveria educar com o propósito de combater a violência e garantir o respeito aos direitos humanos. A violência, no entanto, é um fator insistente no cenário brasileiro: revela muitas vezes que os alunos as praticam com naturalidade porque muitas vezes convivem com ela em seus próprios lares, cotidianamente.

O Ministério da Educação desenvolveu em 2004, por intermédio da Secretaria de Educação continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), o Projeto Escola que Protege, visando promover ações educativas e preventivas para evitar a disseminação da violência contra crianças e adolescentes no panorama social brasileiro. O livro é dividido em três capítulos, adota uma linguagem acessível e objetiva, visando também pessoas que não são entendidas no assunto.



O documento é um convite para reflexão, apresentando no primeiro capítulo um resgate das formas de agressão e proteção da infância e da adolescência. Através do estudo do processo histórico é possível visualizar como crianças e adolescentes foram ao passar do tempo, envolvidos em relações de agressões em diferentes instituições públicas. Um dos principais marcos da legalização e institucionalização que visa a proteção é expressa no Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, que reflete a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança de 1989:

 “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”





Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, (ECA), tem-se a universalidade dos direitos humanos e os direitos à pessoa em desenvolvimento. A classificação mais usual das geralmente denominadas formas de violência é: violência física, psicológica e sexual. A violência física, constituída pela agressão ao corpo, a violência psicológica, marcada pelo uso da autoridade sobre alguém, e a violência sexual, marcada pelo uso perverso da sexualidade do outro, são exemplos cotidianos de violência, presentes em diversas esferas, presentes no âmbito familiar, e que se perpetuam e se refratam também nos ambientes escolares.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Avaliação

Em tempos atuais, avaliar é uma palavra presente em diversos setores da sociedade. Se você vai deixar um currículo em uma loja, empresa, instituição, lá estará embutido um método avaliativo. Ainda se não bastasse, a avaliação caminha juntamente com os prazos. Tempo para entregar isto, para postar aquilo, para dar andamento naquilo outro. Desde crianças estamos acostumados com os processos avaliativos.

No ambiente escolar estudam-se as matérias, copia-se pro caderno letras e mais letras (quando não expressões numéricas) e ao fim do bimestre, lá estão elas, as temidas provas, que podem valer algarítimos, de 1 a 10, ou comentários como "Bom", "Péssimo", "Insuficiente". E de que modo essas avaliações podem contribuir para a formação escolar?

O método das avaliações é criticado por muitos alunos e até mesmo professores. Comumente, o processo avaliativo resume o conhecimento do aluno a um momento de perguntas e respostas que na maioria das vezes tem de ser decorada previamente, para depois, serem despejadas no papel. As avaliações são adotadas pelos educadores, que por sua vez respeitam um sistema escolar que já reproduz há muitos anos o mesmo comportamento.

E então, que rumo tomar? Como fica a situação do aluno que apreende seu conhecimento mas não consegue expor em um momento avaliativo? Quem ouvirá os reclamos desses alunos 'defasados' de números? Quem avaliará os avaliadores?

                                 

 A avaliação, se tomada como um processo diferenciado, usada para ter acesso a comprensão dos alunos e suas percepções de acordo com os conteúdos dados, poderia surtir um melhor afeito. Avaliar, como nos diz Bevenutti (2002), é um ato de mediar o processo ensino/aprendizagem, oferecendo a recuperação imediata, promovendo na subjetividade de cada aluno o caminhar do seu progresso.

Continuar reproduzindo a matriz reguladora que impõe maneiras de avaliar como um fim em si, é dar continuidade ao cenário que já estamos acostumados a ver: alunos descontentes, desmotivados com suas notas baixas, desacreditados de suas capacidades.

Quanto ao professor, com seus salários de fome, qual o incentivo que terão para inovar novos métodos avaliativos (porque mudar o que está por muito tempo cristalizado exige esforço), de que maneira poderá propor mudanças, se o sistema que controla as insituições escolares não valoriza a educação como ela deveria ser valorizada?

                                


Talvez, algumas maneiras seriam atualizar as formas de ensinar - aprender, incentivando aos alunos o pensamento crítico, abandonando então a ideia robótica de reproduzir conceitos para esquecê-los na próxima avaliação.
É preciso, antes de tudo, romper com os paradigmas arraigados no cenário educacional.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

As Novas Didáticas e os Velhos Problemas


Em poucas palavras, a Didática Tradicional se revela como um método clássico de transmitir o conhecimento. O aluno parece ser menos autônomo, inserido num processo mais "mecanizado" de apreensão dos conteúdos.  


As Novas Didáticas, por sua vez, tem uma proposta que visa a autonomia e independência do aluno. Nesse viés o professor deixa de ser o único conhecedor que transmitirá sua sabedoria aos alunos. O professor, nesta perspectiva, não mais detém esse único conhecimento, mas compartilha e interage com os alunos.

Nesta visão, a escola passa a considerar o meio social do aluno, dando prioridade a debates que suscite o questionamento e a reflexão sobre inúmeros assuntos, entre eles, os temas transversais já vistos em posts anteriores.

As Novas Didáticas prezam:
  • O aluno como sujeito ativo da sua aprendizagem,
  • A construção de novos saberes centrado não apenas em atividades adequadas, mas também nas interações sociais
  • Privilegia as competências funcionais e globais aos saberes fragmentados
  • Consolidar as aprendizagens na vivência dos alunos
  • Respeita a diversidade de culturas e personalidade
  • Valoriza a autonomia da criança
  • Estimula a motivação relacionada com o prazer e a vontade de descobrir e de fazer
  • Dá lugar às tarefas cooperativas
  • Ênfase ao desenvolvimento da pessoa
Sabemos, entretanto, que a perspectiva das Novas Didáticas nos soa muito feliz, na teoria. Seria ótimo que em todas as escolas do país fosse possível aplicar tais métodos, levando adiante reformulações que criticam às didáticas tradicionais, tanto tempo no comando. É certo que precisamos reformular não só o ambiente de ensino, como também os currículos e nos atualizarmos como futuros educadores para as realidades de hoje. A tecnologia, a internet, o caminhar cada vez mais global das mídias e aparatos virtuais podem possibilitar novas maneiras de ensinar. Sabemos, contudo, que nem todos os cidadãos do Brasil tem condições financeiras para caminhar junto à essas inovações do futuro.

Nem todos os professores estão contentes e motivados para inovarem suas aulas. Nem todas as escolas tem infra-estrutura necessária para um ambiente saudável de aprendizado. As realidades sociais são várias, se convergem e muitas vezes não convivem juntas. Os filhos abonados não vivem no mesmo mundo dos filhos marginalizados, os professores sentam em outras cadeiras, não compartilham do mesmo contra-cheque. Em muitas escolas as cadeiras, mesas e quadros são impraticáveis. Em outras, as lousas digitais não são mais uma novidade.

Restam as velhas didáticas tradicionais, que passa a ser o lugar-comum, o que já estava ali nos manuais, o que é mais cômodo de se aplicar. Como mudar? Esperar da política? Esperar mais dos professores, diretores, alunos?
Penso que refletir já se torna, ainda que humilde, um possível começo.

Abaixo, um vídeo da professora Amanda Gurgel, do Rio Grande do Norte, sobre a educação.

                                   

                          
(Se houver problema no link, acesse: http://www.youtube.com/watch?v=HdALlE_WhOU)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Perspectivas Interacionistas

'O conhecimento escolar é peculiar porque não é neutro.'




A ideias interacionistas contam com os estudos de Piaget e Vygotsky, que concebem a criança como um ser ativo, que constantemente cria hipóteses sobre seu ambiente.  Ambos valorizam a interação do indivíduo com o ambiente e vêem o indivíduo como sujeito que atua no processo de seu próprio desenvolvimento. Porém, enquanto Piaget defende que a estruturação do organismo precede o desenvolvimento, para Vygotsky é o próprio processo de aprendizagem que gera e promove o desenvolvimento das estruturas mentais superiores.

Um dos pressupostos básicos de Vygotsky é que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro. Em outras palavras, o autor descreve em suas pesquisas que o desenvolvimento do pensamento vai do social para o individual, onde a aprendizagem está relacionada ao desenvolvimento desde o nascimento da criança.

Na perspectiva de Piaget, para que ocorra a construção de um novo conhecimento, é preciso que se estabeleça um desequilibrio nas estruturas mentais, isto é, os conceitos já assimilados necessitam passar por um processo de desorganização para que possam novamente, a partir do contato com novos conceitos se reorganizarem, estabelecendo um novo conhecimento. Este mecanismo pode ser denominado de equilibração das estruturas mentais, ou seja, a transformação de um conhecimento prévio em um novo.
                                                                     (Piaget e Vygotsky)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

PCN, Temas Transversais & Interdisciplinaridade

Os Parâmetros Curriculares Nacionais tem como objetivo auxiliar os professores na arte de lecionar. Tais parâmetros servem como subsídios para que os educadores reflitam e discutam temas de extrema importância e que existem nas diversas realidades dos alunos, bem como refletir a prática educacional dentro do ambiente escolar.
Os PCN de Língua Portuguesa, por exemplo, para o ensino fudamental de primeira à quarta série, conta com suas estratégias de ensino-aprendizagem. São algumas delas:
  • Valorização e utilização dos usos que o aluno já faz da sua própria língua ao chegar à escola.
  • Parâmetro principal: práticas sociais mediadas pela linguagem. Aprendizado dos significados culturais através da linguagem. Ensino do que ainda não conhecem através de mediações linguísticas.
  • Troca interpessoal, interação grupal, aprendizagem num contexto de cooperação.
  • Um aluno aprende com o outro, sendo intermediados pelo professor.
  • Condições didáticas para que a interação realmente ocorra. Ambiente propício onde eles realmente realizem juntos determinada atividade e que esta seja resultado, de fato, a ação do grupo.
  • Professor deve oferecer aos alunos esse ambiente, bem como a possibilidade de perguntar sobre a linguagem e obter respostas. Respostas estas que devem ser adequadas pelo mediador para que os alunos aprendam com elas.
  • Professor como investigador atencioso das ideias dos alunos sobre a própria língua.


 Portanto, os professores e futuros professores seja de qual área for, deverá ficar atento ao que os PCN sugerem e ao que pode ser aplicado. Ainda que as ideias e sugestões sejam boas, sabemos que cada sala de aula tem suas peculiaridades e realidades, e que isso influenciará na transmissão do conhecimento pelo professor, como também a troca entre professor-aluno. Não adianta somente aplicar o que na teoria parece ser o ideal: é importante transportar e remodelar para o dia-a-dia aquilo que parece ser possível de ser interagido, levando em conta o contexto sócio-econômico dos alunos e o espaço em que as instituições escolares se inserem.


Além das áreas consideradas pelos PCN, temos também os temas transversais.
Temas como: ética, saúde, meio ambiente, pluralidade cultural, orientação sexual e trabalho e consumo são integradas na proposta educacional dos Parâmetros Curriculares Nacionais como Temas Transversais. Não se constituirão como novas áreas, mas num conjuto de temas que irá transitar entre diversas áreas, mexendo com diferentes percepções, de acordo com seus objetivos, conteúdos e orientações didáticas.
Neste sentido é possível fomentar debates sobre diversos assuntos dentro da sala de aula utilizando-se da interdisciplinaridade. A troca de experiências entre as diferentes disciplinas de geografia, matemática, história e português, por exemplo, pode ter como resultado trabalhos que propiciem um maior olhar crítico do aluno, além de desenvolver a reflexão sobre assuntos polêmicos que vão desde a orientação sexual à pluralidade cultural.
Tornar o conhecimento menos fragmentado e permitir que ele seja mais global é um dos objetivos centrais da interdisciplinaridade e dos temas transversais nas salas de aula. A utilização de novas tecnologias, quando possível, como por ex. exibição de filmes, pode tornar a aula mais interativa, interessante e produtiva no processo educativo.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Documentos de Identidade

Uma introdução às teorias do currículo


As teorias do currículo propõe maneiras de como devemos nos guiar para transmitir determinados conhecimentos adiante. As teorias são divididas em alguns grupos, em detrimento do período histórico em que se situaram:

Teorias Tradicionais:
ensino
aprendizagem
avaliação
metodologia
didática
organização
planejamento
eficiência
objetivos

Teorias Críticas
ideologia
reprodução cultural e social
poder
classe social
capitalismo
relações sociais de produção
conscientização
emancipação e libertação
currículo oculto
resistência

Teorias Pós-Críticas
identidade, alteridade, diferença
subjetividade
significação e discurso
saber-poder
representação
cultura
gênero, raça, etnia, sexualidade
multiculturalismo


As teorias Pós-críticas destacam a diversidade das formas culturais do mundo contemporâneo. Sabemos, no entanto, que essas diversidades são embasadas em relações de poder. Neste contexto, temos a teoria queer,   que surge nos Estados Unidos e na Inglaterra, como uma espécie de unificação dos estudos gays e lésbicos. O significado da palavra queer que quer dizer "estranho", "esquisito", "incomum" ou "excêntrico" é recuperado pelo movimento homossexual como uma forma positiva de auto-identificação. Através da "estranheza" busca-se perturbar a tranquilidade da "normalidade".

A teoria queer argumenta que a identidade é sempre uma relação: o que nós usamos para nos definir só se define por aquilo que não somos, sendo a minha identidade sempre dependente da identidade do Outro.
É importante saber que a identidade não é um produto da natureza, ela é um produto social, definida por um processo de significação, e neste sentido, não existe significação sem poder.

A heteronormatividade acaba por excluir a homossexualidade, vista como um desvio. A teoria queer quer ir além dessa hipótese de construção social da identidade, cruzando as fronteiras, 'des-fixando' o lugar da identidade, tornando-a móvel.

A pedagogia queer não busca incluir no currículo informações corretas sobre a questão da sexualidade, mas, questionar os processos institucionais em que esses discursos ocorrem e se proliferam. O currículo, tido tradicionalmente um espaço onde se ensina a pensar, através da pedagogia queer dará ênfase na pergunta: "o que torna algo pensável?", e neste sentido, impensável também. Um currículo baseado nos ideais da teoria queer será um local onde o interesse está além de questionar o conhecimento como socialmente embutido no nosso dia-a-dia, mas explorar o que não foi construído por ficar às margens.






segunda-feira, 11 de abril de 2011

O papel do professor na Sociedade Digital.

O papel do professor nos dias de hoje é uma tarefa árdua. Ele tem, além de conquistar seus alunos e incentivá-los a aprender, ser um agente transformador na sociedade em que vivemos. Para o professor de português, por exemplo, pode se tornar um desafio ensinar gramática para os adolescentes, uma vez que a internet, a televisão e a própria sociedade em que os jovens estão inseridos utilizam de outras maneiras de usar a linguagem: seja as falas com os amigos, as gírias, o “internetês”. Para convencer os alunos que as estruturas gramaticais, regências verbais e seus verbos transitivos e intransitivos tem de ser aprendidos, é necessário recorrer à exemplos cotidianos. 


O educador não pode ficar estagnado somente nos livros didáticos, principalmente porque pode se tornar desinteressante para os alunos ter de aprender que falamos de uma forma, mas temos de escrever de outra. Tais regras de escrita tendem a se tornar massante e sem sentido se não forem sugeridas como um modelo que temos de ter para padronizar os livros, revistas, redações para concursos, etc. É importante que os alunos saibam distinguir a diferença e o porquê da importância de se conhecer a linguagem coloquial e a linguagem formal. Dessa forma, quem sabe, o aprendizado da Língua Portuguesa se torne mais coerente para os jovens alunos.





O transmissor de conhecimento, tanto como agente da memória educativa quanto agente de memória na sociedade digital deve propor questionamentos e refletir sobre os assuntos utilizando diversos modos de ver. O professor então não será o detentor do conhecimento que passará adiante suas verdades e certezas, mas uma pessoa que pode proporcionar um espaço de trocas de novos aprendizados na esfera escolar. O professor, podendo ser também um agente inovador, deve se atualizar frente à sociedade digital: aprender a manusear os computadores e seus programas básicos, podendo assim ter melhor eficiência na hora de expor suas aulas para os alunos. Além de criar elos entre memórias de diversos tempos, o professor de português tem de tornar o ensino da gramática normativa bem como o da literatura algo prazeroso, instigando o conhecimento e o hábito da leitura como formas de descobrir o novo, “e no novo, a eterna busca do ser, melhor em todos os sentidos. (KENSKI, p.106)



É preciso que os alunos encontrem ancoragem do conhecimento que estão recebendo com suas realidades. Tratando-se de uma sala de aula diversa e múltipla, as diferenças serão muitas: sociais, econômicas, políticas, geográficas, religiosas. É necessário estar atento à essas diversidades. O professor precisa, antes de tudo, ser um agente de transformação.

Construir ecossistemas educativos

Reinventar a escola.
      

Para Candau, a educação tem sido vista cada vez mais como produto. Além disso, existe a desvalorização do profissional da educação, o que torna o ensino problemático em nossas escolas. Para a autora, é necessário construir ecossistemas educativos, ou seja, ampliar e reconhecer diferentes espaços de produção da informação e do conhecimento. Seria importante que as funções educativas ajudassem a formar pessoas capazes de serem sujeitos conscientes de suas opções e ações, e não meros reprodutores. Para isso, seria necessário promover a apropriação do conhecimento e pluralizar os saberes, infatizando a dinamicidade, flexibilidade e a diversificação de leituras de um mesmo fenômenos (mostrando diferentes pontos de vista), debates e construção de opiniões plurais.


Minha escolarização, embasada nos anos 90, tinha ainda essas formas de transmitir conhecimento sem que pudéssemos muitas vezes nos posicionar criticamente. O professor era o detentor do saber e muitas vezes não permitia que os alunos se opusessem. Por outro lado, haviam professores(as) que nos provocava a falar e a ter posicionamento sobre determinados assuntos. O que acontecia, porém, era muito visível: acostumados, os alunos, a serem ouvintes, quando é chegada a hora de se expressar acontece uma intimidação. Porém, acredito que promover a reconstrução de conhecimentos é extremamente importante. Visar, acima de tudo, os alunos como sujeitos subjetivos e autônomos, não como massas amorfas prontas para receber um manual de instalação – é a chave principal dessa empreitada educacional.





Pluralizar as ideias sempre, ainda que soe utópico acreditar.

As funções sociais da escola

Nas primeiras aulas tivemos contato com o texto de Goméz. Numa opinião pessoal, posso dizer que as ideias deste autor se encontram com as ideias de Bordieu sobre a reprodução da ideologia dominante dentro do ambiente escolar. A escola é comprometida em desenvolver o processo de socialização dos futuros cidadãos, mas se revela conservadora a partir do momento em que reproduz os mesmos valores vigentes presentes em nossa sociedade. Logicamente que a instituição escolar não é a única responsável por essa função reprodutora, sendo outras instituições sociais responsáveis por esse papel: ongs, igrejas, meios de comunicação de massa e família. Porém, é na escola que esses valores vão se instalando progressivamente, de modo sutil e complexo.


      No sentido da socialização, a escola acaba por consolidar ideologias cujos valores são   pautados no individualismo, a competitividadee a falta de solidariedade. A escola não se torna igual para todos, embora seja essa a frase mais usada e o que se espera dela. É imposta uma ideologia contraditória que abarca o ser humano individualista e conformado socialmente. Passa-se a aceitar as contradições sociais do mundo, fome, discriminação, preconceitos, como resultados naturalizados das diferenças individuais. Gomés no traz que a escola vêm por legitimar a ordem que já existe, convertendo-se em ‘válvura de escape’ dessas contradições e desajustes sociais. Com os mecanismos de socialização que a escola utiliza através do inculcamente e doutrinamento ideológico, as comunidades sociais recebem esses conhecimentos e os transmitem, muitas vezes sem questionar ou ter uma posição crítica sobre o que estão apreendendo. Desde a seleção e a organização dos currículos escolares, o modo e o sentido da organização das tarefas, ordenação de tempo, espaço, números de disciplinas, mecanismos de recompensas como provas, trabalhos, pontos extras em atividades; contribuirá para essa disseminação do status quo na cultura vigente.

Sabemos que nosso meio social está repleto de escolas, de alunos, de troca de ideias. Mas quantas delas pluralizam essa forma de saber? Temos como exemplo dessas contradições o filme “Entre os muros da escola”, que trata desses desajustes sociais promovidos pelas distintas nacionalidades dos alunos dentro do ambiente escolar. 


Sabemos que o espaço em que vivemos é tomado pelos meios de comunicação, pela transmissão de concepções ideológicas advindas da televisão, da internet, do rádio; e que os alunos recebem e assimilam isso também. A escola acaba por colaborar com essas transmissões de ideais propostos pela cultura dominante, sendo então, uma espécie de “perna” que sustenta as outras vigas concretizadas no terreno em que nos inserimos. Para Goméz, o princípio básico para haver alguma mudança seria “facilitar e estimular a participação ativa e crítica dos alunos e alunas”, fazendo da escola um “espaço democrático de aprendizagem.”